Entrevista com João Firmino Cabral
Por Arievaldo Viana
Corria o ano de 1954... Aos 14 anos, o garoto João Firmino
Cabral saiu de sua pequena Itabaiana e foi para Aracaju, onde encontrou-se com
o poeta Manoel D'Almeida Filho, que, na companhia de dois outros folheteiros,
cantava e vendia seus romances na feira próxima ao mercado. Munido de um
alto-falante e um microfone, Manoel D'Almeida encantava a todos com sua pose de
galã e a sua voz cadenciada e vibrante. O menino, que já era fascinado pela poesia
popular, ficou embevecido. Esqueceu de fazer as compras que a mãe havia lhe
ordenado e passou o dia inteiro na companhia dos poetas. Quando se deu conta,
já eram quatro e meia da tarde e o último (e único) trem para Itabaiana já
havia partido.
João Firmino começou a chorar desoladamente e foi socorrido
por Manoel D'Almeida, que lhe ofereceu dormida e um prato de sopa para o
jantar. O menino falou de seu grande amor pela Literatura de Cordel e disse que
gostaria de se tornar um revendedor de folhetos. Manoel D'Almeida, vendo o
interesse do garoto, confiou-lhe uma maleta com trezentos folhetos (trinta
títulos diferentes) e Firmino seguiu para a feira de Itabaiana. Nascia ali um
grande folheteiro que viria a se tornar, dois anos depois, um dos maiores poetas
populares dessa geração.
Tive a honra de entrevistar João Firmino Cabral, por ocasião
da VIII Bienal Internacional do Livro do Ceará, onde colhi estas e outras
histórias do velho poeta, que é um verdadeiro arquivo vivo, guardião das
histórias dos poetas do passado. Fui auxiliado nessa tarefa pelo poeta e
pesquisador Marco Aurélio...
Foto e texto reproduzidos do blog:
marcohaurelio.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário